Há qualquer coisa nos concertos de heavy metal que os faz diferentes de todos os outros e não é o som mais brutal. O que há é uma devoção quase religiosa entre os fãs e as bandas que tornam cada concerto numa espécie de celebração ritual.
O mesmo se passou ontem, nem foi um dos melhores concertos que a banda de Los Angeles deu no nosso país mas a devoção é sempre a mesma.
Entre as bandas que tocaram ontem no RIR os
Moonspell sofreram o síndrome da nacionalidade. É verdade que o facto de serem portugueses fez com que tivessem apenas as honras de abertura do festival. Há quatro anos já haviam provado que mereciam um horário melhor e ontem foram mesmo a segunda melhor banda em cima do palco. Ficaremos assim sem saber como teria soado a música dos Moonspell no enorme palco do RIR debaixo daquela belíssima lua em crescente.
Ontem ainda tinha na memória a primeira vez que vi os Apocalyptica, há cerca de doze anos atrás e confesso que não estava à espera de um som tão brutal. A diferença, é que desta vez, os três violoncelistas finlandeses trouxeram um explosivo baterista com eles, imprimindo assim um som bem mais demolidor aos seus violoncelos. Os grandes momentos do fim de tarde foram óbviamente as versões instrumentais dos Metallica.
Dos Machine Head, pouco há a dizer, com o seu som brutal deram um excelente concerto mas não consigo gostar muito da música deles deles. Ficou na memória uma excelente versão de "Hallowed be thy Name" dos Iron Maiden que fará parte de um disco de tributo à banda britânica a editar em breve.
Depois de uma longa espera e de uma extraordinária odisseia a furar no meio da multidão para encontrar um local recatado para aliviar as minhas necessidades fisiológicas e regressar para junto do Pinguim e do Dejan, começou o momento mais esperado da noite.
Quando surgiram os já familiares sons de "Ecstasy of Gold" de Ennio Morricone, desta vez sem a maravilhosa cena de
Eli Wallach a correr entre as campas, surgiu aquele arrepio tão familiar destes grandes momentos.
Do concerto só posso dizer que faixas como "Bleeding me" ou "King Nothing" eram perfeitamente desnecessarias e conseguiram quebrar o ritmo de um concerto que havia começado muito bem com o clássico "Creping Death". O pessoal estava ali mesmo era para ouvir a "old shit".
Depois de tanto ouvir falar dele, foi um prazer conhecer finalmente o Dejan. Já bastava o facto do rapaz gostar de heavy metal para gostar dele mas ontem pude comprovar "in loco" a sua grande simpatia.
Pronto, confesso que fiquei com inveja porque ele conviveu pessoalmente com a banda. Por outro lado foi uma delícia ver os olhares do pessoal que nos rodeava quando ele mostrou as fotografias e os autógrafos. Pinguim tens que me arranjar algumas, POR FAVOR!
Uma última palavra de agradecimento para o Pinguim que teve a pachorra de aturar quatro bandas de heavy metal depois uma cansativa viagem do Porto para Lisboa. Foram muitas horas, e o cansaço de ambos era visível mas aposto que consegui converter mais um para a congregação metálica nacional ;)
Pinguim e Dejan um grande abraço e obrigado pela companhia e pela boleia.
Aqui, mais algumas das belíssimas
fotos da grande Rita Carmo para a BlitzAgora, Leonard Cohen, Slayer e Iron Maiden são os senhores que se seguem.