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terça-feira, 1 de março de 2011

JANE RUSSEL (1921-2011)



Jane Russel (1921-2011)

"Son of a Paleface" de Frank Tashlin. Um western em tom de comédia musical de 1952, com Jane Russel, Bob Hope (1903-2003) e Roy Rogers (1911-1998).Como é que uma cena destas escapou ao rígido Código Hays que implementou uma vergonhosa censura moral aos estúdios de Hollywood?




"Os Homens Preferem as Loiras" realizado por Howard Hawks é o filme onde Russel brilha ao lado de Marilyn Monroe. Curiosamente no filme que junta dois dos maiores "sex symbols" do cinema americano da época, há uma cena claramente homoerótica que de novo escapa aos censores de Hollywood. Reaparem no título da canção "Ain't nobody Here for Love?" e no aparente desinteresse do grupo de ginastas pela figura cantora que deambula entre eles.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

JÁ QUE ESTAMOS EM NOITE DE ÓSCARES: TRUE GRIT


Nestes dias entre semestres vou aproveitando para me vingar no cinema, desta feita, fui ver Indomável, o último trabalho dos irmãos Coen.
Em Indomável; True Grit no original, temos de novo os irmãos Coen no seu melhor: este é um western, e não deixa por isso de ser mais um dos fantásticos retratos de uma certa América profunda, sé é que isso realmente existe, já um pouco habituais na obra “Coeniana”. Esta é a velha América dos antigos westerns; aquela que foi construída com o colt e a carabina numa mão e a bíblia na outra. A América de Indomável, não é muito diferente de Este País Não é para Velhos (2007), de Irmão Onde Estás? (2000), Ou mesmo do formidável Fargo (1996).


Creio que não poderemos considerar Indomável como um remake de a Velha Raposa (1969), o clássico que rendeu a John Wayne (1907-1979), o único Óscar da sua carreira. Penso que o melhor termo que se poderá usar é; uma readaptação do romance de Charles Portis, desta vez com o cunho, muito próprio da versão dos Coen.


Nesta versão, o escolhido para o papel do velho Marshal, foi Jeff Bridges; o Grande Lebowski (1998), mais uma das grandes obras dos Coen, onde o actor brilhou como “The Dude”. Porém desta vez o “The Dude”, não quis calçar as botas do “Duke” (alcunha de John Wayne). O Rooster Cogburn de Bridges não deixa de ser o velho Marshal zarolho, rezingão e bebedolas, que tem a fama de perseguir implacavelmente o seu alvo. No entanto é um Cogburn com uma identidade própria, conferida pelo próprio Bridges e que lhe poderá muito bem render o Óscar deste ano. No entanto, como o Rooster de Wayne, não deixa de ser o velho durão de coração mole que decide ajudar Mattie Ross (Hailee Steinfeld), que apesar dos seus 15 anos é uma jovem determina a perseguir e vingar o assassino do pai. Aliás a empresa parece, logo à partida condenada ao fracasso; Chaney, o assassino (Josh Brolin) uniu-se ao bando de Ned Pepper um perigoso pistoleiro que eles vão ter que enfrentar, curiosamente, o actor Barry Pepper, é bastante parecido com Robert Duval o actor que interpretou o mesmo papel na versão de 1969. Para ajudá-los apenas podem contar com La Bouef (Matt Damon) um Texas Ranger que já persegue Chaney há algum tempo para o levar para o Texas onde há uma choruda recompensa pela sua captura.





Porém a verdadeira heroína é a jovem Mattie Ross, esperta e determinada, não se deixa enganar facilmente, conseguindo mesmo enrolar o habitual parceiro de negócios do seu pai e assim poder financiar a sua expedição. Apenas não percebo porque Hailee está nomeada para o prémio de Melhor Secundária quando na verdade é ela a grande protagonista e practicamente a única actriz feminina de realce, aliás é ela a Indomável do título, com uma excelente actuação a rivalizar com Bridges e um excelente Matt Damon, embora num papel mais apagado.

Este é mais um grande filme dos Coen, que mistura brilhantemente a violência com um certo humor bem típico das obras dos dois irmãos. De realçar a brilhante fotografia de Roger Deakins que capta na perfeição as velhas paisagens do velho Oeste, quase sentimos a nostalgia dos velhos filmes, então em Technicolor. Sempre achei que os westerns funcionavam melhor a cores.



ATENÇÃO: ESTA É A PARTE QUE NÃO DEVEM LER SE AINDA NÃO VIRAM O FILME. Ou podem lê-la por vossa conta e risco.
Este não é apenas mais um filme que vem fazer reviver o velho western, podemos dizer que é também um pouco a desconstrução do western clássico. Aqui o herói, é de facto uma heroína; determinada, teimosa, e que, apesar da sua jovem idade, não tem problemas em “bater o pé” e enfrentar os mais velhos. Facto a que não será alheio o facto de ser uma mulher a autora original do romance. Há nesta obra um bravo retrato do velho Oeste, dos grandes pistoleiros, da gabarolice de alguns. Mas há também na parte final uma nostalgia dos tempos do velho Oeste, quando vemos a “civilização” a chegar aos locais mais remotos, através do comboio, não restando outro remédio aos velhos pistoleiros, senão exibirem os seus dotes em circos e feiras. É esta desconstrução dos velhos mitos do velho Oeste com os novos tempos que joga a habitual ambivalência dos irmãos Coen. No final do filme não é o cowboy solitário que caminha em direcção ao pôr-do-sol, é a própria Mattie que caminha solitária em direcção à pradaria.

O CISNE NEGRO

THE BLACK SWAN


Há poucas semanas fiz uma pequena apresentação sobre Cinema Surrealista no âmbito da Cadeira de História da Arte. Foi pena não ter visto antes o Cisne Negro de Darren Aronofsky pois é um filme que está plenamente integrado no tema discutido. Para quem conhece o cinema de Aronofsky é fácil distinguir esta dualidade entre corpo e mente, que habitualmente conduz à autodestruição; assim foi com “The Wrestler” (2008), filme que ressuscitou a carreira de Mickey Rourque, e assim terá sido também em Requiem for a Dream (2000), para mim, o melhor Aronofsky antes de ver o Cisne Negro.

Em o Cisne Negro Natalie Portman é Nina, uma jovem bailarina obcecada pelo papel principal numa nova produção de o Lago dos Cisnes de Tchaikovsky (1840-1893). Para quem conhece a magnífica obra do compositor russo; Odette, a Rainha dos Cisnes é na verdade uma jovem princesa, que sob o feitiço do maléfico mago Rothbart, é transformada num belíssimo cisne branco, podendo apenas retomar a sua verdadeira forma humana durante a noite. Entretanto conhece Siegfried, belo príncipe que caçava por aquela zona, e ambos se apaixonam. Sabendo que apenas o amor verdadeiro poderia quebrar o feitiço, Siegfried promete declarar o seu amor a Odília durante o baile nessa mesma noite. No entanto no momento do baile o príncipe é iludido pelo feiticeiro, e na verdade dança com a sua filha, Odília; O Cisne Negro. Enquanto Odette é paixão, emoção e fragilidade, Odília é fogo e sedução, como se fosse a outra face de Odette.

Ao descobrir o engano, Siegfried percebe que já é impossível inverter o feitiço. Assim os amantes frustrados decidem suicidar-se afogar-se no próprio lago.
Na produção de o Lago dos Cisnes, a Rainha do Lago é o papel mais importante; aquele que todas as bailarinas almejam. Nina, na sua beleza, timidez e fragilidade é o Cisne Branco em toda a sua perfeição. No entanto é demasiado controlada, falta-lhe a espontaneidade natural para interpretar o Cisne Negro. Thomas Leroy (Vincente Cassel) é o coreografo e director da companhia, que lhe diz que ela deve soltar todo o seu lado negro para conseguir fazer a transmutação do seu cisne branco para o negro. Porém para Nina não basta ser a Rainha dos Cisnes, ela tem que ser perfeita em tudo, só assim poderá assegurar o papel como bailarina principal da companhia. Porém a competição pelo lugar é feroz, e Nina não tarda em ver em Lily (Mila Kunis) a sua grande rival. Esta é uma jovem bailarina acabada de chegar à companhia e tem tudo o que Nina não tem; é despreocupada, não tem obsessão pela perfeição nem uma mãe excessivamente controladora. Deste modo consegue soltar-se e ser o Cisne Negro perfeito, aquele que deve seduzir e enganar o príncipe. Por outro lado há a relação com a mãe, o caso típico da bailarina que nunca passou da vulgaridade e deseja ver espelhado na própria filha o sucesso que ela nunca alcançou. É essa obsessão pela perfeição do seu cisne negro que a leva a uma transmutação, Nina começa-se a soltar, a tentar livrar da hiper-protecção maternal. O problema é que o lado negro que ela deve despertar foi o mesmo que levou à autodestruição de Beth (Winona Ryder), a antiga estrela da companhia e ex-preferida de Thomas. É esse lado negro da sua mente que a vai começar a dominar até ao ponto de não conseguir destrinçar mais a realidade da ficção.

É exactamente neste ponto da exploração da mente de Nina, que na ânsia de se livrar da sua própria realidade, ela deixa de conseguir destrinçar entre o real e o imaginário.
Posso falar dos pormenores do filme e do argumento, que na minha opinião é excelente. Não esquecer que se trata de um filme de ficção, que tem por pano de fundo um bailado, e não uma adaptação cinematográfica desse mesmo bailado. Vou deixar os pormenores técnicos para os peritos em dança, no entanto adorei ver certos detalhes, que decerto fazem parte da vida de qualquer bailarino; como a transformação das próprias sapatilhas, da alteração das palmilhas, de certo para melhor se adaptarem aos pés.

É claro que O Cisne negro é uma das grandes obras do um grande filme, porém penso que nunca ficaria completo sem conhecer o resto da obra do realizador: Pi (1998); Requiem for a Dream (2000), O Último Capítulo (2006) e o Wrestler (2088). Em todos eles há um certo conflito entre a mente e o corpo; quando muitas vezes o poder da mente tem que ultrapassar as limitações do próprio corpo.

domingo, 6 de junho de 2010

BUTTERFLY MORNINGS AND WILD FLOWER AFTERNOONS



Para recordar Sam Peckinpah (1925-1984), um grande realizador, maldito em Hollywood, mas que, muito graças à sua influência em Tarantino começa a ser descoberto pelas novas gerações.
A Balada de cable Hogue narra a história de um homem, que perdido no deserto, descobre nele o que mais tem de precioso, água. Cedo decide rentabilizar a sua descoberta.

Nesta delíciosa cena, o inesquecível Jason Robards (1922-2000) contracena com Stella Stevens, e juntos cantam "Butterfly Mornin's"

sábado, 29 de maio de 2010

PARA RECORDAR UM DOS GRANDES REBELDES DE HOLLYWOOD

Dennis Hopper (1936-2010) o adeus a um dos grandes rebeldes de Hollywood. Entrou em grandes clássicos como segundário: Fúria de Viver (1955), O Gigante (1956) ou Apocalipse Now (1979). No entanto foi em 1969 que ao lado de Peter Fonda teve o mais famoso papel da sua carreira em Easy Rider.

Get your motor runnin'!



Dennis Hopper, Peter Fonda e Jack Nicholson numa das grandes cenas de Easy Rider: UFO's and marijuana.


segunda-feira, 10 de maio de 2010

STROMBOLI

Já repararam na quantidade de vulcões que há ali para o sul de Itália?
O Etna, o Vesúvio, o Vulcano, o Campi Flegrei e o Stromboli?

Se algum destes se junta ao Islandês, cujo nome é impronunciável, tá tudo tramado.

Já que o título do post anterior faz referência a um dos grandes filmes do Rossellini; "Viaggio in Italia" (1954). Aqui fica um cheirinho de "Stromboli" (1950), o filme que juntou o realizador italiano à belíssima Ingrid bergman.

VIAGGIO IN ITALIA


Tu Hefesto, filho de Hera e de Zeus, também conhecido por Vulcano. Tu que forjaste as armas de Aquiles, tu que modelaste, com as tuas próprias mãos o corpo de Pandora. Grande divindade do fogo, dos vulcões e da metalurgia, por favor, aplaca as tuas forjas, pelo menos até fins de Setembro, e volta a acalmar os céus da velha Europa.

Imagem: "A Forja de Vulcano", Diego Velasquez

sábado, 23 de janeiro de 2010

LES SCANDALES PASSENT, LA LÉGEND RESTE...


A 18 de Fevereiro nos cinemas.

Serge Gainsbourg, no vídeo com Jane Birkin
L'anamour

domingo, 27 de setembro de 2009

YO SOLO MIRO



Na categoria de Melhor Curta-metragem "Yo Solo Miro" de Gorka Cornejo, foi a escolha do público do Queer Lisboa 13.
Os meus parabéns para Mina Orfanou, que venceu na categoria de melhor Actriz pela sua interpretação “intensa e tocante, pela energia e entrega física” como transexual em "Strella: a Woman`s Way", do realizador grego Panos Koutras.

"Fig Trees" do canadiano John Greyson, um filme que aborda o tema do HIV, foi o vencedor na categoria para Melhor Documentário.
Mais uma vez os meus parabéns ao João Ferreira e à Associação Janela Indiscreta pela organização de mais um Queer Lisboa. Para o ano há mais.

QUEER LISBOA 2009



"Ander" de Roberto Castón, o mais que merecido grande vencedor do Queer Lisboa 13. Mais que merecido, é também o prémio de melhor actor para Joxean Bengoetxea, que neste filme interpreta um camponês quarentão que se apaixona por Iñaki, o seu empregado peruano.

Destaque também para a menção especial do juri para o belíssimo "Rabioso Sol Rabioso Cielo" do mexicano Julián Hernández, o mesmo que na edição do ano passado nos trouxe uma das melhores curtas do Festival "Bramadero", que curiosamente é invocada neste filme.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

PATRICK SWAYZE, NORTH & SOUTH



Não estava entre os meus actores preferidos, mas, muito antes de Dirty Dancing ou Ghost, lembro-me de uma grande série que passou há uns bons anos na televisão. Em Norte e Sul, Patrick Swayze, actuou ao lado de monstros sagrados como Robert Mitchum, Elizabeth Taylor, Gene Kelly, Johnny Cash, Jean Simmons e o também recentemente falecido David Carradine, como um dos piores vilões da televisão.

TAKING WOODSTOCK


O regresso do realizador de Brokeback Mountain, inspirado nos quarenta anos do Festival de Woodstock.

Baseado numa autobiografia de James Schamus, é a história de Elliot Tiber, um aspirante a designer de interiores que se debate com a sua homossexualidade escondida e dependência de drogas durante o mais famoso festival musical dos anos 60. Ang Lee coloca, uma vez mais, a sua versatilidade à prova do mundo cinéfilo.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

QUEER 13


Meninos o Queer já mexe.

Este é outro dos eventos imperdíveis do mês de Setembro. Este ano o festival abre no dia 18 com um filme português; Morrer Como um Homem de João Pedro Rodrigues, e fecha no dia 26 com Where the World Mine Tom Gustafson.

Além das habituais sessões de longas, curtas e documentários, a edição deste ano repete as Noites Hard, que tiveram bastante sucesso na edição do ano passado. Destaco ainda o Espaço Memória, na Sala Buondi:
Dia 19 evoca-se o centenário do pintor Francis Bacon, com um mural colectivo que será pintado pelo público.
Dia 20: O dia de António Variações
Dia 21: Dia de poesia com o grande poeta António Botto e a presença do escritor Eduardo Pitta.
Dia 22: Dia Stonewall.
Dia 23: Dia Amália Rodrigues, com um pequeno showcase do grupo Amália Hoje.
Dia 24: Dia da queda do muro de Berlim.
Dia 25: As Nossas Divas sobre Judi Garland, com a projecção do fabuloso Feiticeiro de Oz

Queer Lisboa 13, programação


Morrer Como um Homem


A útima fita do realizador de o Fantasma e Odete conta a história de Tonia, um fulgurante ícone da noite lisboeta que, tal como Ruth Bryden, na segunda metade dos anos oitenta, em plena euforia do estrelato local, abandonou a sua identidade dupla e apropriou-se da sua “personagem artística”, iniciando uma série de intervenções de cirurgia plástica que a transformaram, socialmente, numa mulher. Tonia foi apagando progressivamente todos os vestígios da sua identidade masculina original, que para ela representava tudo o que não podia controlar: a discriminação pela sua homossexualidade, o género masculino que deplora no seu corpo, o nome da família que a rejeitou, a paternidade de um filho fruto de uma relação heterossexual adolescente.
Esta é a história de um renascimento. Tonia gera-se a si própria num sentido quase cronenberguiano: o corpo de António Cipião, a sua identidade masculina original, metamorfoseia-se no corpo de Tonia. Mas é essa também a sua tragédia. Tonia transforma a aparência sem nunca chegar a mudar de sexo. Contra a sua vontade e verdade mais urgente e imediata, fala a sua consciência mais profunda: as suas convicções religiosas não a deixam concluir a transformação. O conflito entre a esfera privada e a esfera social, da qual ela se sente excluída mas de que inevitavelmente faz parte, acaba por não ser a sua motivação determinante, mas tão só o primeiro grau da tragédia. É o seu conflito interior, agravado pelo conflito com aqueles que lhe estão mais próximos, que se vai revelar irresolúvel e irremediavelmente trágico. E a morte, ao cumprir o seu destino de personagem, terá algo de purificador - como uma clarificação sublime dos desígnios da sua presença entre os vivos.
Mas esta é também uma história de amor: a história de Tonia e do seu companheiro Rosário, um inédito “Romeu e Julieta”.

Texto retirado do site da AIP

O filme ainda nem tinha chegado a Cannes e já estalava a polémica com Carlos Castro, autor de uma biografia de Ruth Bryden. O famoso cronista social lançou uma providência cautelar, acusando o realizador e a Rosa Filmes de plágio.

Queer Lisboa 13, programação

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

OS SACANAS DE TARANTINO


Mas o que me levou a regressar a escrever estas linhas foi “Sacanas sem Lei”, o mais recente delírio de Quentin Tarantino. Como tem acontecido em algumas das anteriores obras do cineasta americano, é um daqueles filmes que os seus críticos vão odiar e os fãs venerar. O realizador de “Pulp Fiction” tem destas coisas. Uma das principais críticas feitas a “Sacanas sem Lei” é a falta de rigor histórico do argumento. Realmente o filme é de fazer arrepiar qualquer historiador que se preze. No entanto a intenção do autor de “Reservoir Dogs” não era de fazer um filme histórico mas sim uma ode ao cinema, tendo como pano de fundo a França ocupada durante a II Guerra Mundial. Já nos habituámos às constantes referências cinematográficas nos filmes de Tarantino mas “Inglourious Basterds” é ele próprio uma pequena homenagem à história da sétima arte.

A belíssima sequência inicial tem um plano que recorda os velhos westerns olhamos para aquela casa isolada e esperamos ver surgir ao longe um grupo de cavaleiros prontos a destruir tudo à sua volta. No filme de Tarantino em vez de cavaleiros temos os soldados nazis liderados pelo Coronel Hans Landa, protagonizado por um fabuloso Christoph Waltz, sem dúvida o melhor de todo o filme. A sua missão é de encontrar judeus escondidos entre a população que tenham conseguido escapar às anteriores deportações. Hans Lada é um oficial da Gestapo, duro, cruel, cínico mas muito pragmático. Os melhores diálogos do filme estão mesmo a seu cargo.

Brad Pitt, É o galã de serviço, tem pouco de charmoso, é um campónio abrutalhado com sotaque do Tenessee, sangue apache e sedento de sangue nazi. Ele constitui uma unidade especial constituída por judeus que vai aterrar na França ocupada com o único intuito de massacrar e escalpar soldados nazis. O nome da personagem de Pitt é Aldo Raine, uma óbvia referencia ao actor Aldo Ray (1926-1991) que curiosamente cumpriu serviço militar na Marinha Americana durante a II Guerra Mundial.


No entanto as referências cinematográficas não se ficam por aqui, O Tenente Archie Cox (Michael Fassbender) é crítico de cinema especializado no cinema de Weimar. Esta foi a grande época de ouro do cinema alemão que compreende o período entre as duas guerras. O filme de Tarantino cita especialmente Georg Pabst (1885-1967) o realizador de A Buceta de Pandora de 1929. Pabst e Riefenstahl (1902-2003) são referências recorrentes em todo o filme.

O argumento é simples: O Tenente Archie Cox tem por missão aterrar em França para se juntar aos “Basterds”, e aliados a uma estrela do cinema alemão, vão mandar pelos ares o cinema onde se encontrarão todas as altas figuras do regime nazi, incluindo o próprio Führer.

Finalmente a banda sonora, sempre importante nos filmes do realizador americano, não deixa de ser ela também, uma homenagem ao próprio cinema. A maior parte dos temas evocam os velhos westerns de Sérgio Leone (1929-1989) através da música de Ennio Morricone. A sequência inicial surge ao som de “The Green leaves of Summer” música do filme “The Alamo” (1960), interpretado e realizado por John Wayne (1907-1979). Finalmente aquela que na minha opinião é a melhor música de todo o filme: “Cat People Putting out the Fire” de David Bowie, tirada do filme “Cat People” (1982) de Paul Shrader.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

OS CAÇADORES DE VAMPIRAS LÉSBICAS


Recentemente, passando por um dos grandes centros comerciais da capital, decidi esquecer o meu dogma anti-pipoca e lá fui ver o último Tarantino. Logo à entrada arrepiei-me com o cartaz de um filme que tinha por título esta preciosidade: “Os Caçadores de Vampiras Lésbicas”. Realmente já se fizeram tantos filmes sobre vampiros que a imaginação não dá para mais.

Numa pequena cidade rural em Inglaterra as mulheres foram escravizadas por um terrível bando de vampiras lésbicas. Entretanto chegam à terrinha dois cromos que desconhecem o que se passa no local e são oferecidos em sacrifício às vampiras.
Parece mau? Pelo trailer parece mesmo um filme de fugir. O título absurdo remete-nos para aqueles antigos filmes de série b com títulos fabulosos como por exemplo o já mítico “Ataque dos Tomates Assassinos”. Não sei se este vai ficar na história, mas acho suficiente mau para passar em sala enquanto tantas obras boas passam directamente para o vídeo.

Por fim fica a nota sexista do filme, cheio de mulheres bonitas para encher as fantasias eróticas dos gajos; pelo menos o velho estereótipo dos machões que têm fetiches com lésbicas, ainda mais a morderem-se nos pescoços, e sabe-se lá em que outros sítios mais.

Por isso meus meninos, cuidado, muito cuidado! Quando menos esperam podem ser atacados por uma horda selvagem de vampiras lésbicas vindas sabe-se lá de onde. O filme só deve estrear lá para Outubro, mas entretanto...

terça-feira, 21 de julho de 2009

THE BOAT THAT ROCKED



"OS GOVERNOS ODEIAM QUE AS PESSOAS SEJAM LIVRES"

Nos anos 50 e 60 o rock em Inglaterra era considerado como algo de totalmente subversivo para a juventude. Este tipo de música era mesmo considerado uma ameaça aos valores morais da sociedade e da família (onde é que eu já ouvi isto?).

É neste contexto que no início da década de sessenta o rock é quase banido das rádios oficiais, apenas as rádios piratas se atreviam a divulgar este género musical sendo bastante populares entre os jovens. A Radio Caroline foi uma das mais populares; esta estação estava instalada num barco e emitiu entre 1964 e 1967 para todo o território britânico a partir do Mar do Norte.

Com a desculpa que a emissão poderia interferir com os sinais de emergência de outros barcos, o Partido Trabalhista então no poder iniciou uma guerra cerrada contra a estação.

Foi a saga da Radio Caroline que inspirou The Boat that Rocked de Richard Curtis. O filme acompanha a vida da Radio Rock, uma estação de rádio ilegal que emite a partir de um barco. O grupo de DJs de serviço é bastante peculiar: O "Conde" (Philip Seymour Hoffman)é o americano considerado o deus das ondas da rádio; Quentin(Bill Nighy) o "big boss", e Gavin (Rhys Ifans), o mais popular DJ de Inglaterra, regressado de um périplo de sexo drogas e rock n'roll por terras do Tio Sam.

O filme estreia já na próxima quinta-feira e parece valer mesmo a pena, nem que seja apenas pela banda sonora.

domingo, 5 de julho de 2009

WITTGENSTEIN



Uma visão teatralizada da vida do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein.
Um belíssimo filme do realizador de Caravaggio e Sebastiane.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

JOÃO BÉNARD DA COSTA



"Johnny Guitar"; o filme da sua vida:
"Porque era ele; porque era eu"

João Bénard da Costa (1935-2009)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

DO COMEÇO AO FIM



Incesto e homossexualidade, dois dos maiores tabus da nossa sociedade analisados neste filme do brasileiro Aluisio Abranches. Pelo trailer penso que a intenção não é chocar mas apenas contar uma bela história de amor proíbido.

O filme deve estrear em breve no Brasil, já se esperam os protestos moralistas do costume. Por mim deixo apenas o desejo que passe por cá; se não for no circuito comercial, pelo menos na edição deste ano do Queer.

http://www.pequenacentral.com.br/cinema/docomecoaofim/