

A velhinha estátua do rei D. José, de frente para o rio, estava de costas voltadas para o evento. Podemos mesmo imaginar o velho monarca a pensar: "Quem me dera que o Sebastião e Melo voltasse do outro mundo para meter esta paneleirada toda na ordem".
Outros Sebastiões andaram por lá, menos santos, mas de certeza mais alegres. Alegria e música foi mesmo o que não faltou no arraial. Barraquinhas com bebidas, comida e muita animação foram presença forte durante toda a noite. Também no palco a festa aqueceu com vários shows de transformismo e travesti.
O arraial prolongou-se até cerca das quatro da manhã. Como já estava cansado e com um grãozinho na asa, não aguentei até ao fim e fui para casa antes do fim, memso a tempo para apanhar o último combóio.
Por fim os meus agradecimentos aos dois grupos que me fizeram companhia:
1:
Estas duas meninas, a quem peço desculpa por ter sido fraca companhia, para a próxima talvez mais sóbrio. E ao J. que no fim da marcha ainda me pôs a enrolar a bandeira. E como podem ver ainda é bem grandinha.
2:
E também à Sara e à Xana de quem me perdi ao fim da noite numa das muitas viagens às casas de banho.
Apesar de o casamento civil para pessoas do mesmo sexo ser uma das minhas lutas não há nada que eu mais odeie que um casamento.
Há muitas coisas que me desagradam na cerimónia, as piores são mesmo a missa(quando há) e a interminável sessão de fotografias quando já está toda a toda a gente a morrer de fome. Há ainda outra coisa que me deixa desesperado que é o facto de as mulheres conseguirem sempre descobrir os vestidos mais pirosos para estas ocasiões. Até acho que elas fazem competições para ver quem é a mais pirosa.
Esta introdução vem a propósito dessa muito pirosa e deprimente cerimónia salazarista recuperada nos anos noventa chamada "Casamentos de Santo António".
o evento foi criado no final da década de cinquenta com vista a possibilitar o matrimónio a casais com maiores dificuldades económicas.
Ora acontece que um dos requesitos fundamentais naqueles tempos era a virgindade da noiva, facto que era comprovado clinicamente. Não sei se o mesmo seria também exigido ao noivo mas no caso deste seria mais difícil de provar.
Manjerico, ocimum minimun
Este ano a cerimónia é transmitida pela RTP e já agora gostaria só de lembrar os senhores da RTP que o santo padroeiro de Lisboa não é, ao contrário do que muita gente pensa, o Santo António, mas sim o S. Vicente.
Embora o santo cá da terra seja o S. Pedro, gosto muito mais de comemorar o Santo António, o problema é que este ano vou passar a noite atrabalhar :(
Bem mas tristezas não pagam dividas e já se comia uma boa sardinhada com salada de pimento e um bom copito de tintol.
Um Feliz Santo António para todos.
Foto@SAPO/Vera Moutinho
A sugestão:
Na passada quarta-feira cruzei-me com este grande senhor do norte na Springfield do Chiado. Quem sabe a comprar roupa para usar no concerto desta noite
Meus amigos, amanhã é dia de Fiesta despeço-me desde já. Um bom fim-de-semana para todos.
Finalmente acabou-se a Páscoa e a invasão espanhola regressa agora às origens.
Se excluir-mos a parte religiosa, as festividades pascais trazem-me grandes recordações.
Como já contei por aqui, passei a infância numa pequena vila transmontana. Por lá a Páscoa é vivida com grande intensidade.
Um dos rituis mais interessantes é a procissão dos sete passos. Todas as sextas feiras, durante a quaresma, realiza-se um curioso e algo macabro cortejo que representa a encomenda das almas. À meia e totalmente às escuras homens, de negro e encapuçados, partem da igreja matriz arrastando ferros e correntes pelo chão. O compasso é certo, a cada sete passos, param para bater com as correntes contra o chão de granito, fazendo um barulho medonho.
Na sexta-feira santa, outro ritual bizarro, a Procissão dos Passos. O percurso começa na Igreja da Misericórdia e vai até à Igreja Matriz, são cerca de cem metros que se fazem em cerca de duas horas.
Para um puto que adorava filmes de cowboys, o Domingo de Páscoa era em cheio:
Um boneco de palha, representando Judas, é pendurado numa árvore,e coberto de explosivos. Ao passar o cortejo faz-se explodir o boneco, para grande alegria da população que assim consuma uma espécie de vingança virtual pela traição do apóstolo.
Para mim o dia grande das festas era mesmo o último.
Na segunda-feira, após a Páscoa, é dia de feriado municipal e toda a vila se encontra à beira do Douro para o "desfazer do folar". É um dia inteiro de confraternização com boa comida e melhor bebida, numa das mais belas paisagens do país.
Quem me dera estar lá hoje.