Desde que regressei da Festa do Avante tenho tentado ver os debates já realizados entre os líderes dos principais partidos portugueses às proximas eleições legislativas. Pelo que vi apenas o confronto entre Louçã e Ferreira Leite fugiu ligeiramente à monotonia geral.
Quanto aos "temas fracturantes" aqui ficam alguns "sound bites":
"(O estado) não pode dizer àquele homem que não pode amar aquela outra pessoa."
O estado não dita o amor de uma pessoa."
"O que é fracturante é a desigualdade" Francisco Louçã.
"No casamento com determinada noção de família perspectiva-se a existência de filhos nas uniões com outras caracteristicas não se perspectiva a existência de filhos." Manuela Ferreira Leite.
Como o tema não era apenas o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas também o divórcio e as uniões de facto faltou a MFL esclarecer porque razão também se opõe à igualdade de direitos entre as uniões de facto e o casamento, mesmo perante casais heterossexuais com filhos.
A Grande tirada:
"Eu sou uma pessoa que defende o casamento mas não imponho o casamento. O Dr. Francisco Louçã não defende o casamento mas impõe o casamento." Manuela Ferreira Leite.
Este fim-de-semana decorreu, ali para os lados da Amora, mais uma grande Festa do Avante. Apesar de não me considerar comunista, há 19 anos que não perco uma edição, pois, muito mais que uma festa política, é uma festa de música, cultura, ciência, confraternização e, melhor que tudo, de reencontro com velhos amigos que só vejo uma vez por ano.
No parque de capismo da festa encontrei esta bandeira, colocada por umas meninas, não muito longe da zona onde estava o meu grupo. Apesar de discreta, marcou a presença LGBT no evento. As cores da diversidade são afinal iguais às da paz e não podiam ser mais bonitas.
Finalmente o programa Prós & Contras da RTP agendou um debate sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Apesar da forte crise parece que já vale a pena meter o assunto na agenda.
O que eu quero é que todos os que se desejam e amam possam dar as mãos, beijar-se, andar de braço dado, fazer festas e cafuné e o mais que lhes aprouver por mútuo consentimento sem terem de esconder-se. Porque o desejo faz desejar mais, o amor faz amar mais. Porque quem ama deseja mostrá-lo e essa é a mais bela das bandeiras.
O que eu quero é que se acabe de uma vez por todas com a ideia de que só um casal legitimado pelo casamento pode acompanhar o crescimento de uma criança, transmitir-lhe a vontade de pensar e conhecer, acarinhá-la e encorajá-la a ser livre. As crianças não pertencem aos progenitores, elas são de si mesmas e do mundo. Se é verdade que as crianças são dependentes, os adultos não o são menos e a consciência dessa dependência que liga os humanos é uma boa base para uma conversa sobre mudar o mundo e romper com as formas, evidentes ou perversas, de escravidão.
O que eu quero é que as mães e os pais deixem de temer as escolhas de orientação sexual dos seus filhos.
O que eu quero é que os filhos deixem de sofrer a opressão da norma quando se debatem com as exigências do amor.
Claro que quero muitas outras coisas e todos os dias luto comigo mesma para as definir na minha cabeça. Mas estas que eu acabei de formular QUERO MESMO. Já.
Entre tantos atletas em pequim, estes três meninos, são os únicos fora do armário e com coragem de dar a cara. Parabéns para eles e boa sorte nas suas competições.
Judith Arndt é ciclista vive com a sua companheira de equipa Petra Rossner. Foi múltiplas vezes campeã Nacional e campeã do Mundo.
Imke Duplitzer é militar de carreira, participa na esgrima e além de múltiplas vezes campeã nacional foi também campeã europeia e vice-campeã mundial. A sua equipa teve a medalha de prata nos jogos de Atenas.
Matthew Mitcham participa nos Saltos para Água, e embora tenha uma curta carreira já ganhou vários títulos nacionais e foi considerado Saltador do Ano em 2001 e 2002.
O Comité Olímpico Internacional tem sido mais aberto às questões LGBT nos anos mais recentes, incluindo a aceitação de atletas transexuais pós-operativos pela primeira vez nos jogos Olímpicos de Atenas em 2004. O Comité também apoiou Mitcham para garantir que o seu namorado o podia acompanhar nos Jogos de Pequim.
Se por alguns sítios já vai havendo tolerância, também há o reverso da medalha:
Já nem vou falar dos incidentes no Euro Pride, ou dos horríveis assassinatos homofóbicos, nos EUA, Brasil e Itália, este último muito semelhante ao caso Gisberta. Falo novamente da tristemente célebre Igreja Baptista de Westboro que, não parece fazer outra coisa senão comemorar a morte de homossexuais e manifestar-se nos respectivos funerais. Fizeram-no no funeral de marines homossexuais mortos no Iraque e no próprio funeral de Heath Ledger, só porque interpretou um papel de homossexual em "Brokeback Mountain".
Desta vez ameaçaram manifestar-se no funeral de um jovem decapitado enquanto dormia dentro de um autocarro no Canadá.
Eu juro que sou das pessoas mais pacíficas deste mundo. De armas, só gosto em filmes, mas acho que se aparecesse uma destas bestas a perturbar o funeral de um famíliar ou amigo, penso que corria com eles a tiro, à paulada, à facada ou com o que tivesse à mão.
Em entrevista ao jornal britânico The Times, a cantora norte-americana Cyndi Lauper arrasou com o presidente George W. Bush e mostrou o seu apoio à comunidade LGBT.
"Esta é a comunidade que eu amo - tipo um investimento mas sem quere lucros (referindo-se à fundação True Colours). Estive ao lado de gays toda a minha vida e por isso, ouvir pessoas como George W. Bush dizer que a comunidade gay é composta por anti-americanos, faz meu sangue ferver", explicou a cantora.
"O homem que salvou a Casa Branca, um dos heróis do 11 de setembro, era gay, e Bush nunca se lembrou de mencioná-lo. Este homem salvou o seu 'traseiro' sujo", disse. "Agora, este mesmo tipo, que diz orar a Deus, mas que na verdade é quem promove o medo e o ódio, é justamente o que chamamos de presidente. Ele sim, é o verdadeiro anti-americano", concluiu.
Lauper também revelou ao The Times que já tentou, por diversas vezes, ser gay. "A minha irmã é gay, os meus melhores amigos são gays. Achei que teria de ser gay também, desse por onde desse. Por isso, fiz tudo que eles faziam. Tentei beijar mulheres, mas a coisa não funciona para mim", revela Lauper.
«Filmado clandestinamente em várias partes do globo, o documentário A Jihad for Love revela a difícil conciliação entre o Islão e uma "opção" sexual que este condena.
A Jihad for Love pode não ser um campeão de bilheteiras, mas o documentário sobre a luta dos gays e lésbicas muçulmanos está a gozar de algum grau de aclamação por parte da crítica porque retrata um tema muitas vezes rodeado de mistério. O seu realizador, Parvez Sharma (também ele homossexual), passou o ano a mostrá-lo em cinemas e festivais um pouco por todo o mundo - a última exibição foi na Outfest, um festival de cinema gay e lésbico de Los Angeles.
Filmado clandestinamente em 12 países ao longo de seis anos, o filme abre uma janela para as vidas dramáticas de gays e lésbicas muçulmanos que tentam conciliar a sua orientação sexual com a devoção a uma fé que condena o seu modo de vida. Alguns foram espancados ou presos. Outros foram forçados a fugir das suas casas. Muitos têm os seus rostos filmados na obscuridade para proteger a identidade e evitar que as suas famílias sofram represálias.
Mas Sharma, 35 anos, que antes de realizar este documentário trabalhou como jornalista na Índia, explica que o seu objectivo não é atacar o Islão mas sim iniciar uma discussão sobre o dilema que força muitas pessoas a viverem vidas de um desespero silencioso. E aí, explica o realizador, é que está o significado por trás do título do filme: Jihad, sempre associada a guerra santa, significa literalmente "combate" ou "lutar no caminho de Deus".
"Há enormes diferenças entre os muçulmanos sobre a forma de lidar com a homossexualidade", diz Sharma. "Na maioria dos casos, optam por ignorar a sua existência desde que seja mantida secreta ou privada". O documentário - o primeiro deste realizador indiano -, foi filmado no Egipto, Turquia, Índia, África do Sul, França e outros países.
O problema para muitos dos entrevistados por Sharma é que eles se recusam a manter-se silenciosos ou a ignorar o seu desejo de amar apesar dos riscos. E isso conduz, invariavelmente ao conflito com a sua religião, as suas famílias, os seus países e consigo próprios.
Veja-se a experiência de Mazen, um egípcio com 20 e poucos anos que no filme é preso durante uma rusga policial a uma discoteca gay e depois acaba por ser violado na prisão. Foge para França antes que uma segunda, e mais longa, sentença de prisão lhe possa ser aplicada. Hoje mantém a sua fé no islão. "Tenho a certeza que Deus tem uma razão para tudo aquilo que me aconteceu", diz ele no filme. "Sei que ele está sempre comigo". Depois Maryam, uma lésbica também a viver em Paris, que mantém uma relação de longa-distância com a sua namorada, Maha, no Cairo. Numa das suas visitas a França, Maha pergunta: "Porque é que não podemos viver juntas e ao mesmo tempo viver com Deus?" Maryam responde: "Não sei se isso é possível. Não sei mesmo".
Para fazer A Jihad for Love, Sharma juntou-se à produtora Sandi DuBowski, que fez o documentário de 2001 Trembling Before G-d, sobre o que é ser gay ou lésbica ao mesmo tempo que se é judeu ortodoxo ou hassídico. Embora os dois filmes abordem questões semelhantes, o documentário de Sharma foi especialmente difícil de fazer por causa dos perigos (vigilância policial e ameaça de prisão) que ele conseguiu evitar. Sharma - que se veste com jeans, óculos de aros vermelhos e um colar com uma medalha dourada com o nome de Alá gravado em árabe - diz que muitas vezes se fez passar por turista enquanto filmava, gravando as suas entrevistas no meio de imagens inócuas. "A maior dificuldade foi estabelecer relações de confiança com cada uma das pessoas que aparece neste filme", conta.
A Jihad for Love estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto no passado mês de Setembro. Desde então foi exibido em festivais na Alemanha, México, Brasil, Índia, Grécia, Turquia, África do Sul e Inglaterra. Sharma diz que alguns dos seus amigos já fizeram entrar cópias do documentário no Irão, no Paquistão e na Malásia. O filme gerou algumas reacções negativas. Foi banido em Singapura, o Conselho Judicial Muçulmano da África do Sul declarou Sharma apóstata e o realizador recebeu já algumas ameaças de morte no seu blogue onde, diga-se, a maior parte das mensagens sobre o filme são positivas.
No Outfest, depois de verem o documentário, muitos muçulmanos - hetero e homossexuais - disseram que ficaram satisfeitos por descobrir que Sharma retratou o Islão com respeito. "Como mulher muçulmana, achei que o seu filme é incrivelmente belo e espiritualmente inspirador", disse Nagwa Ibrahim, uma advogada de 30 anos, durante uma sessão de perguntas e respostas com o realizador. "Fiquei muito comovida com a humanidade do seu filme."
Sharma explicou que a perseverança dos seus entrevistados, e a sua disponibilidade para falarem abertamente sobre a sua luta, renovou a sua própria devoção ao Islão. "Encontrei um profundo respeito pela religião através destas pessoas, através da sua imensa religiosidade", disse. "Estou mais perto do que alguma vez consegui estar da fé profunda, da fé absoluta".»
A recente eleição de Duarte Cordeiro para líder da JS, voltou a pôr o casamento entre pessoas do mesmo sexo na ordem do dia. Apesar da luta da JS para manter o assunto na agenda do PS, não vale a pena criar grandes expectativas. O tema não parece interessar ao governo e encontra grande resistência dentro do próprio partido.
Claudio Anaia, líder dos Socialistas Católicos, que já se havia pronunciado contra as palavras do líder dos jotas, veio agora dizer que esta não era "uma proposta fracturante, mas sim aberrante."
Anaia, que até é membro honorário da JS, referiu ainda à Agencia Lusa que "o casamento é uma instituição que, mesmo no plano civil, é celebrada entre pessoas de sexo diferente”. Na sua opinião – “à ideia de casamento está indissociável a constituição de uma família, que possa haver filhos, com pai e mãe”.
Ou seja, por outras palavras, este "socialista", acabou por dizer, mais ou menos, o mesmo que a líder do PSD sobre o assunto.
Eu até acredito na boa vontade do Sócrates, mas será que ele está disposto a enfrentar o lobbie católico do PS?
Depois de Ellen DeGeneres agora é a vez de George Takei aproveitar a nova lei do Estado da Califórnia para casar com Brad Altman, seu companheiro há 21 anos.
Para quem não se lembra, George Takei, era o Mr. Sulu do "Caminho das Estrelas".
Que sejam muito felizes os dois e que venham mais para dar muitas dores de cabeça a Mr. Terminator, o governador da califórnia.