Can't cant hear you cos your mouths full of shit
You think youre gods gift
Youre a liar
I wouldn't piss on you if you were on fire
Chumbawamba
Dedicado a todos os cromos deste país, e não só...
Ontem, regressei à capital para um dia bem preenchido com um fim de noite perfeito na companhia de Nick cave.
Aproveitei a folga para tratar de uns assuntos pessoais em Lisboa, à tarde houve, como não poderia deixar de ser, cinema. Já passava bastante das sete da tarde quando cheguei à Rua das portas de Stº Antão, como era tarde já não foi possível um jantar em condições, tive que me contentar com uma sandezita e uma cerveja numa daquelas tascas da zona. Isto, porque nestas coisas de concertos gosto sempre de chegar cedo. Além disso já sabia que a sala ia estar cheia.
A primeira boa surpresa foi o início do espectáculo, que para grande espanto meu, começou exctamente à hora marcada no bilhete. Coube a Dave Graney & the Lurid Yellow Mist a dificil tarefa de entreter as hostes. O som do compositor australiano até me pareceu bastante interessante, no entanto o pessoal estava ali para celebrar os ambientes mais negros de Cave e companhia.
Finalmente, alguns minutos depois das dez, as luzes voltam a apagar-se e ouve-se então o primeiro grande rugido da multidão, a celebração começara.
"Night of The Lotus Eaters", do novíssimo "Dig Lazarus, dig", foi a música que abriu o espectáculo. Vestido de escuro com o seu novo bigode e dançar frenético, Cave só conseguia ser suplantado na sua bizarria pelo rasputiniano Warren Ellis. O músico australiano não faz esquecer Blixa Bargeld mas consegue sempre roubar algum protagonismo ao mestre em palco.
Ao longo de mais de duas horas de concerto as músicas novas iam-se cruzando com as velhinhas, num autentico ritual de devoção e entrega de parte a parte que fez mesmo esquecer as várias falhas, que até se desculpam se pensarmos que este foi o concerto de abertura da digressão de "Lazarus". A máquina ainda não estava bem oleada, e isso notou-se principalmente nos longos intervalos entre os temas, quando a banda parecia ainda estar a decidir qual seria o tema seguinte. Directo e irreverente, como sempre não se coibiu de gozar a situação com um "It's a fucking disaster".
depois de grandes momentos com "Tupelo", "Red Right Hand", "Let Love in" e "Papa Won’t Leave You, Henry" intercalados pelo desfilar das novas canções, o concerto terminava em grande com "Stagger Lee", a versão de Cave de um dos mais musicados assassinos da história americana. Mas o melhor ainda estava para vir...
No primeiro encore Cave testa a sua inabalável relação com o público, pedindo-lhes para entoarem o "Oh Mamma!" de "Lire of Morpheus". A partir daí aumentou a empatia e começou a pedir sugestões ao público, o que alimentou um pouco uma certa idéia de improvisação. Pedida ou não, ele foi o "Wanted man, in Lisbon" que acabou o encore com um arrepiante "Into my Arms" cantado na integra em coro pela assistência.
O segundo encore foi rematado com mais dois temas de "Lazarus" "We Call Upon The Author" e "Albert Goes West".
O remate da noite foi feito com "Nobody’s Baby Now".
Nick Cave, we love you too! Volta depressa que as falhas estão perdoadas.
Hoje por esta hora ainda deve estar a tocar no Porto.
Já agora, eu não vou lá estar, mas aconselho vivamente os concertos do ex-Bad Seeds, Blixa Bargeld com os seus Einstürzende Neubauten dia 3 de Maio na Casa da Música e no dia 4 na Aula Magna
Foto@SAPO/Vera Moutinho
A sugestão:
Na passada quarta-feira cruzei-me com este grande senhor do norte na Springfield do Chiado. Quem sabe a comprar roupa para usar no concerto desta noite
Meus amigos, amanhã é dia de Fiesta despeço-me desde já. Um bom fim-de-semana para todos.
Entras como um punhal
até à minha vida.
Rasgas de estrelas e de sal
a carne da ferida.
Instala-te nas minas.
Dinamita e devora.
Porque quem assassinas
é um monstro de lágrimas que adora.
Dá-me um beijo ou a morte.
Anda. Avança.
Deixa lá a esperança
para quem a suporte.
Mas o mar e os montes…
isso, sim.
Não te amedrontes.
Atira-os sobre mim.
Atira-os de espada.
Porque ficas vencida
ou desta minha vida
não fica nada.
Mar e montes teus beijos, meu amor,
sobre os meus férreos dentes.
Mar e montes esperados com terror
de que te ausentes.
Mar e montes teus beijos, meu amor!…
Fernando Echevarria
Ai, como eu te queria toda de violetas
E flébil de cetim…
Teus dedos longos, de marfim,
Que os sombreassem jóias pretas…E tão febril e delicada
Que não pudesses dar um passo -
Sonhando estrelas, trantornada,
Com estampas de cor no regaço…
Queria-te nua e friorenta,
Aconchegando-te em zibelinas -
Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas…
Ah! que as tuas nostalgias, fossem guizos de prata -
Teus frenesis, lanjoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata…
………………………………………………………………..
Teus beijos, queria-os de Tule,
Transparecendo carmim -
Os teus espasmos de seda…
- Água fria e clara numa noite azul,
Água, devia ser o teu amor por mim…
Mário de Sá-Carneiro
Quanto, quanto me queres? - perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.
Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...
Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...
Não perguntes, não sei - não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.
António Botto Tu choravas e eu ia apagando
com os meus beijos os rastos das tuas lágrimas
– riscos na areia mole e quente do teu rosto.
Choravas como quem se procura.
E eu descobria mundos, inventava nomes,
enquanto ia espremendo com as mãos
o meu sangue todo no teu sangue.
Não sei se o mundo existia e nós existíamos realmente.
Sei que tudo estava suspenso,
esperando não sei que grave acontecimento,
e que milhares de insectos paravam e zumbiam nos
meus sentidos.
Só a minha boca era uma abelha inquieta
percorrendo e picando o teu corpo de beijos.
Depois só dei pela manhã,
a manhã atrevida
entrando devagar, muito devagar e acordando-me.
Desviei os meus olhos para ti :
ao longo do teu corpo morriam as estrelas.
A noite partira. E, lentamente,
o sol rompeu no céu da tua boca.
Albano Martins Teus olhos, borboletas de ouro, ardentes
Borboletas de sol, de asas magoadas,
Pousam nos meus, suaves e cansadas
Como em dois lírios roxos e dolentes…
E os lírios fecham… Meu amor não sentes?
Minha boca tem rosas desmaiadas,
E as minhas pobres mãos são maceradas
Como vagas saudades de doentes…
O silêncio abre as mãos… entorna rosas…
Andam no ar carícias vaporosas
Como pálidas sedas, arrastando…
E a tua boca rubra ao pé da minha
É na suavidade da tardinha.
Um coração ardente palpitando…
Florbela Espanca
Um rapaz beijou-me ontem à tarde
E o seu beijo era um vinho perfumado
Tão longamente bebi nesses lábios o vinho do amor
que ainda agora me sinto embriagada.
Anónimo - Grécia (séc. I a.c.)
Trad. Jorge Sousa Braga
Ainda a propósito de monumentos quem queria só expressar aqui a minha desilusão com certas situações.
É sabido que o Ministério da Cultura é dos que mais contribuem para o orçamento de estado. Ainda assim é triste perceber que os portugueses não sabem fazer dinheiro. O Palácio da Vila de Sintra é um dos monumentos mais visitados do país, é até mais conhecido no estrangeiro que em Portugal, mas quem quiser comprar uma qualquer lembrança alusiva ao monumento não encontra praticamente nada. Não há um pin, um magnético, um lápis, nada com o nome do palácio.
Tibães
Segundo parece tudo se deve à recente mudança de tutela, com a extinção do IPPAR e a integração dos monumentos num novo organismo chamado IMC. Quando se deu a mudança os artigos começaram a deixar de chegar às lojas, agora é preciso esperar que o IMC mande fazer novas peças. Isto tudo parece surreal quando se sabe que se tratam de dois organismos geridos pelo Ministério da Cultura. Entretanto passem por Mafra, Queluz ou Sintra e vão encontrar artigos do Museu dos Coches, de Arte Antiga ou do Traje, só não encontram conseguem é encontrar quase nada sobre os respectivos monumentos, nem sequer um livro, em inglês ou português.
Ainda sobre monumentos e museus, o ano está no início mas já se anunciam as habituais dificuldades de falta de pessoal de guardaria. O Mosteiro de Tibães já anunciou que vai ter que reduzir o horário de abertura por falta de pessoal.
Entretanto o estado vai anunciando que pretende combater a precariedade no emprego em Portugal. Entretanto o IMC prepara-se para admitir pessoal a termo certo e a recibos verdes para suprir a falta de pessoal.
Faz lembrar a velha máxima de Frei Tomás: "Faz o que le diz não faças o que ele faz."
lembram-se do meu romance de verão com este senhor?
Pois aqui está mais uma grande canção dedicada a mim.
Hollywood está cada vez mais pobre, ontem perdeu mais um dos seus grandes heróis.
Actor bastante versátil, Charlton Heston, foi da comédia, às figuras bíblicas e históricas, passando pela ficção científica e acabando em alguns filmes de acção mauzinhos como "The Order", com Jean-Claude Van Damme. Desiludiu-me bastante com a questão das armas mas deixou o seu nome inscrito entre os maiores da sétima arte.