sexta-feira, 25 de maio de 2007
NÃO ME CHAMES PELO NOME
Quem é que abraça o meu corpo
Na penumbra do teu leito?
Quem é que beija o meu rosto,
Quem é que morde o meu peito?
Quem é que fala da morte
Docemente ao meu ouvido?
- És tu senhor dos meus olhos?
E sempre no meu sentido
A tudo quanto me pedes
Porque obedeço, não sei
Quiseste que eu cantasse
Pus-me a cantar... e chorei
Não me peças mais canções
Porque a cantar vou sofrendo
sou como as velas do altar
que dão luz e vão morrendo
Não me chames pelo nome
que me deram ao nascer
sou como a folha caída
que não chegou a viver
Meus olhos que por alguém
deram lágrimas sem fim
Já não choram por ninguém
- Basta que chorem por mim
O que é que a fonte murmura?
O que é que a fonte dirá?
- Ai, amor, se houver ventura
Não me digas onde está
António Botto
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3 comentários:
Triste e belo poema, linda foto:)
beijos
Faz apetecer cantar o amor. Bom fim de semana
Gostei muito deste poema :) O amor que se perde é terrível...mas ao mesmo tempo ficam na memória aqueles pedaços de amor, que é bom recordar!
Beijos
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