quarta-feira, 2 de maio de 2007

A CHEGADA DOS NAVIOS


O marinheiro no imaginário gay.

A Chegada dos Navios

Chegam heróis e jovens de mãos dadas.
Chegam rapazes loiros como o estio
E partem as palavras censuradas
No penacho de fumo do navio.

Em que a aventura nos embosca o cio
Chegam esperanças, medos e ciladas
E partem as angústias, exiladas,
No penacho de fumo do navio.

Ao ritmo dos guindastes estremecemos.
Portos abertos ao que nos deslumbra,
Barcos chamando o sexo com um grito!

Piratas da abordagem que trazemos
A rebentar nas veias: que se cumpra
Nosso destino esplêndido e maldito!

José Carlos Ary dos Santos
Liturgia do Sangue (1963)
Retirdado da compilação: Obra Poética (1994)

Imagem: Pierre et Gilles, O Beijo

3 comentários:

wind disse...

Conheço.
Ary também assumiu sempre a sua homossexualidade.
Tenho a obra poética que comprei na Feira do livro e no fim já reparaste quando ele se converteu?
beijos

Moura ao Luar disse...

Amor desejo, a validade é sempre um direito

Angell disse...

Amar é o mais importante de tudo! Sem amor... caminhamos sem rumo nem destino! :)

Bjs!