quarta-feira, 2 de abril de 2008

UM HOMEM PARA A ETERNIDADE




A semana passada houve a coincidência da morte do actor Richard Widmark com a projecção do filme Warlock na RTP Memória.

Coincidência ou não a RTP Memória hoje voltou a fazer serviço público ao exibir um dos grandes papéis do recentemente falecido actor britânico Paul Scofield.

"A Man for all Seasons" descreve todo o processo que levou à condenação de Thomas More por este se recusar a assinar a "sucession act". Um documento que daria legitimidade a qualquer filho, fruto do casamento de Henrique VIII com Ana Bolena, ao trono de Inglaterra.
O autor da "Utopia" pagou com a cabeça as suas convicções, assim como a nova esposa de Henrique VIII, Ana Bolena. No entanto, ao abrigo dessa mesma lei, a Inglaterra viria nascer a mais carismática raínha da sua história.

Scofield é um More que nos comove pela força das suas convicções, um homem que ousou enfrentar a morte em vez de trair a sual própria alma.
Realizado em 1966, pelo mestre Fred Zinneman conta também com uma pequena participação do grande Orson Welles no papel do Cardeal Wolsey. Infelizmente, por esta altura, a sua sina, como actor, eram pequenos papéis ou apenas narração em off.
Este filme, adaptado de uma peça de Robert Bolt deixa-nos uma pergunta:
Será que vocês eram capazes de dar a vida pelos vossos princípios?
Eu, pelos motivos de More, não o faria de certeza.

13 comentários:

Moi disse...

Eu dava a minha vida pelo meu personal jesus ( ou alguém para quem o amor fosse universal, nunca egoísta) aliás, estou a dar...

jj

João Roque disse...

Paul Scofield foi um actor brilhante, bem ao estilo britânico, mas pouco conhecido entre nós; a sua melhor interpretação é sem dúvida esta no filme do austríaco naturalizado americano, Fred Zinneman (mestre como bem o apelidas), "A man for all seasons", dando vida à carismática figura de Thomas Moore, nos tempos conturbados do reinado de Henrique VIII.
A tua pergunta levaria a tanta conjectura, que realmente não sei que te dizer; naquele tempo quem estava contra o rei, estava condenado e até o pérfido Wosley, foi vitima da situação que ajudou a criar, levando-o ao suicídio.
Abraço.

Anônimo disse...

Nunca se sabe o que se é capaz de fazer:)
Beijos

Special K disse...

Moi: Eu também dava, mas tinha que ser um "Personal Jesus mesmo especial". I'm still waiting...
Um abraço

Special K disse...

Moi: Eu também dava, mas tinha que ser um "Personal Jesus mesmo especial". I'm still waiting...
Um abraço

Special K disse...

Pinguim:
É mesmo verdade foram tempos verdadeiramente perigosos. Qualquer um podia perder a cabeça. Uns anos mais até veio a acontecer o mesmo com o rei, quando CarlosI foi decapitado e a Inglaterra viveu cinco anos como república, algo inédito na Europa daquela época. Já agora é outro excelente filme, "Cromwell" com Richard Harris e Alec Guiness.
Um abraço cinéfilo.

Special K disse...

Gitas: Talvez não mas temos sempre um idéia do que fariamos.
Beijos.

Socrates daSilva disse...

Existem coisas que fazem a nossa vida valer a pena. Creio que certos principios são "sagrados", porque se os abandonarmos, deixamos de nos sentir bem connosco. Mas, o instinto de sobreviver também é básico. Olha, como diz o outro: "Quando chegar a ocasião, logo vejo!" Agora morrer por politiquices e intrigas palacianas, acho um desperdicio.
(Bem, e mais uns filmes para meter na minha lista)
abraço

Anônimo disse...

Já ouvi falar desse filme.
De facto T. Moore é uma personalidade histórica interessante. O seu exemplo de coerência só tem paralelo com o de Che Guevara.
Independentemente das suas convicções religiosas, Moore era uma pessoa honesta, pois agiu em consciência. Os seus motivos talvez sejam questionáveis, mas a sua atitude não é.
Eu daria a vida pelos meus princípios, pois, na verdade, agir segundo eles, é a única coisa que faz sentido nesta fugaz existência...
Queres um exemplo tão ou mais interessante que Moore? Yukio Mishima.

tagarelante disse...

com tantas voltas e baldrocas que o mundo tem dado parece-me que há muita gente que gostaria de ter a oportunidade de dar a vida por uma "causa maior" e se sentem perdidos por não se poderem ou conseguirem afiliar efectivamente a nada... a grande conquista nos tempos q correm não é encontrar uma causa superior nem um bem maior, é conseguir nas pequenas merdices e coisinhas do dia-a-dia manter a integridade e os principios em que se acredita... e custa e é mais dificil do q dar a vida uma vez por uma causa maior...

acho eu, so opiniao... desculpa a intrusao! ;)

Special K disse...

Sócrates da Silva: Meu caro, concordo a cem por cento, não daria a minha vida por politiquices, intrigas palacianas ou religião.
Este vale mesmo a pena e o Paul Scofield está fabuloso, o Óscar foi mais que merecido.
Um abraço.

Special K disse...

Meu caro Paracletus: Dar a vida pelos meus princípios; isso iria depender muito da situação. Só posso dizer com toda a certeza que daria a vida apenas por amor.
Quanto ao Mishima, tens toda a razão, cabe perfeitamente aqui.
Um abraço

Special K disse...

Minha cara Tagarelante, muito obrigado pela visita e pelo comentário, acho que foi o primeiro. Realmente, às vezes damos demasiada importancia a certas coisas e esquecemos os pequenos pormenores.
Acho que cheguei a uma conclusão: Para quê pensar em dar a vida por alguma coisa? Acho que devo é aproveitar ao máximo o todo o tempo que me resta neste mundo e tentar, o mais possível, ser feliz.
É este o meu conselho para todos os meus amigos.
Beijos