terça-feira, 22 de abril de 2008

O AUSTRALIANO DAS CAVERNAS E AS MÁS SEMENTES


Ontem, regressei à capital para um dia bem preenchido com um fim de noite perfeito na companhia de Nick cave.
Aproveitei a folga para tratar de uns assuntos pessoais em Lisboa, à tarde houve, como não poderia deixar de ser, cinema. Já passava bastante das sete da tarde quando cheguei à Rua das portas de Stº Antão, como era tarde já não foi possível um jantar em condições, tive que me contentar com uma sandezita e uma cerveja numa daquelas tascas da zona. Isto, porque nestas coisas de concertos gosto sempre de chegar cedo. Além disso já sabia que a sala ia estar cheia.

A primeira boa surpresa foi o início do espectáculo, que para grande espanto meu, começou exctamente à hora marcada no bilhete. Coube a Dave Graney & the Lurid Yellow Mist a dificil tarefa de entreter as hostes. O som do compositor australiano até me pareceu bastante interessante, no entanto o pessoal estava ali para celebrar os ambientes mais negros de Cave e companhia.
Finalmente, alguns minutos depois das dez, as luzes voltam a apagar-se e ouve-se então o primeiro grande rugido da multidão, a celebração começara.

"Night of The Lotus Eaters", do novíssimo "Dig Lazarus, dig", foi a música que abriu o espectáculo. Vestido de escuro com o seu novo bigode e dançar frenético, Cave só conseguia ser suplantado na sua bizarria pelo rasputiniano Warren Ellis. O músico australiano não faz esquecer Blixa Bargeld mas consegue sempre roubar algum protagonismo ao mestre em palco.

Ao longo de mais de duas horas de concerto as músicas novas iam-se cruzando com as velhinhas, num autentico ritual de devoção e entrega de parte a parte que fez mesmo esquecer as várias falhas, que até se desculpam se pensarmos que este foi o concerto de abertura da digressão de "Lazarus". A máquina ainda não estava bem oleada, e isso notou-se principalmente nos longos intervalos entre os temas, quando a banda parecia ainda estar a decidir qual seria o tema seguinte. Directo e irreverente, como sempre não se coibiu de gozar a situação com um "It's a fucking disaster".



depois de grandes momentos com "Tupelo", "Red Right Hand", "Let Love in" e "Papa Won’t Leave You, Henry" intercalados pelo desfilar das novas canções, o concerto terminava em grande com "Stagger Lee", a versão de Cave de um dos mais musicados assassinos da história americana. Mas o melhor ainda estava para vir...

No primeiro encore Cave testa a sua inabalável relação com o público, pedindo-lhes para entoarem o "Oh Mamma!" de "Lire of Morpheus". A partir daí aumentou a empatia e começou a pedir sugestões ao público, o que alimentou um pouco uma certa idéia de improvisação. Pedida ou não, ele foi o "Wanted man, in Lisbon" que acabou o encore com um arrepiante "Into my Arms" cantado na integra em coro pela assistência.

O segundo encore foi rematado com mais dois temas de "Lazarus" "We Call Upon The Author" e "Albert Goes West".
O remate da noite foi feito com "Nobody’s Baby Now".

Nick Cave, we love you too! Volta depressa que as falhas estão perdoadas.
Hoje por esta hora ainda deve estar a tocar no Porto.

Já agora, eu não vou lá estar, mas aconselho vivamente os concertos do ex-Bad Seeds, Blixa Bargeld com os seus Einstürzende Neubauten dia 3 de Maio na Casa da Música e no dia 4 na Aula Magna

16 comentários:

Catatau disse...

Este homem é um senhor e já com direito a clássicos!
Pois... deve estar no Porto, deve, mas só agora saí das aulas, chuif!...

SP disse...

Também ontem, por essa hora, estive na Rua Portas de Sto Antão!
Um abraço com a minha simpatia!

TUSB disse...

Não desgosto de Nick Cave, não conheço é muito bem, mas enfim, os concertos mesmo com falhas, se são de bandas de que já conhecemos, amamos e "cantamos", nunca correm mal :D

MrTBear disse...

Vida boa é o que é LOL
Folgas a meio da semana e concertos, isso é que é vida

Special K disse...

Catatau, provávelmente o concerto aí terá sido melhor, talvez já com menos falhas.
Um abraço.

Special K disse...

SP, quem sabe não nos cruzámos por lá?
Um abraço, também com simpatia.

Special K disse...

Unfurry, apesar das falhas o concerto foi muito bom. Nota-se que a entrega dele foi total, como de costume.
Um abraço.

Special K disse...

Mrtbear, bem-vindo ao meu cantinho. Estou em falta pois se bem que já conhecia o teu cantinho, ainda não tive oportunidade de lá dar um pulinho depois do jantar.
Eu gosto das folgas a meio da semana, o pior é que me fazem sair cedo demais do Maria Lisboa, quando estava mesmo numa de ficar ali a noite inteira.
Um abraço.

Socrates daSilva disse...

Já sei que o esperado concerto preencheu as “medidas”. Assim vale a pena!
Olha, o cartoon tá bem apanhado!!
Abraço

Special K disse...

Sócrates, Preencheu mesmo.
Um abraço.

Anônimo disse...

Parece que o concerto foi bom, sim senhor. Uma amiga até me gravou um bocadinho no telemóvel. Pena já não ter arranjado bilhetes e assim perdi a oportunidade de ver este senhor ao vivo. Fica para a próxima.

Anônimo disse...

Ele é outro dos senhores da música.
beijos

Luís disse...

Na Casa da Música, nós queríamos ter visto ontem o Edson Cordeiro, mas perdemo$ a oportunidade... Amanhã teremos lá a Orquestra Nacional do Porto (obras contemporâneas), mais adiante os Einstürzende Neubauten e os Young Marble Giants também. Pelo caminho, pelas mesmas razõe$ que o Edson deverá ficar o Rui Reininho revisitando a revolução. Como em tudo na vida, à$ veze$ é necessário fazer opçõe$... :-) Abraços,

Special K disse...

Rui, não te preocupes que ele já tocou tantas vezes por cá que há-de voltar outra vez.
Um abraço.

Special K disse...

Guitas:
E um grande senhor.
Beijos

Special K disse...

Esse problema do dinheiro também o tenho, por isso perdi os Portishead por exemplo. Nem imaginas como fiquei só de ler os comentários do concerto na blogosfera. Quanto ao Edson vou lá estar no próximo domingo.
Um abraço