quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A ALMA BARALHADA


«Meu querido Hugo. Tão melhor do que eu, tão mais capaz de amar, sempre a responsabilizar-se por me ter feito perder a inocência, por me ter transformado na pessoa que sou hoje, mas que seria eu sem ele? O marido da Raquel, a procurar encontros clandestinos no Parque Eduardo VII? A apanhar as doenças que ele me defendeu? A viver uma vida dupla, vergonhosa?»

"A Alma Trocada", Rosa de lobato Faria

Fez no passado dia dia 13 de Dezembro, véspera do dia dos namorados, 7 anos que terminou a minha última relação com uma mulher. Durou pouco mais de ano e na altura passei um mau bocado, mais por me sentir enganado e rejeitado do que por amor.


Não me revejo em nada no Teófilo do romance da Rosa Lobato de Faria mas muito provavelmente esta seria hoje a minha situação se ainda estivesse ligado à L.


Entre os vinte e os 31 anos mantive relações com algumas mulheres, não muitas, mas as suficientes para me dar conta que não me satisfaziam sexualmente. Adorava ter uma companhia, gostava dos carinhos e principalmente dos preliminares, só que, na hora do sexo puro e duro sentia sempre que me faltava alguma coisa. Óbviamente que para elas o sexo também não deveria ser grande coisa, por isso, as relações nunca duravam muito, apenas o suficiente para poder mostrar aos meus amigos que eu também tinha namoradas.


Curioso que nunca tive dificuldades em arranjar amizades entre as raparigas. Elas sempre gostaram de me ter como amigo e confidente, achavam que eu era de confiança.


Amizades à parte, confesso que não tinha muito jeito com elas. Lembro-me de uma vez num parque de campismo, éramos quatro rapazes e conhecemos um grupo de francesas. Ao segundo dia cada um dos meus amigos já estava "emparelhado" e eu até acabei sózinho com a mais bonita do grupo. Com vinte aninhos e sem experiência nenhuma em assuntos femininos fiquei totalmente aterrorizado, sem saber o que dizer ou o que fazer.
Ela deve mesmo ter pensado que eu era gay.

A fotografia não tem nada a ver com este post mas foi tirada num dia muito cinzento e ventoso que me proporcionou algumas imagens belíssimas de uma praia quase deserta em pleno Verão.

5 comentários:

Socrates daSilva disse...

este post diz-me muito. relatos assim fazem-me pensar. Obrigado e abraço

Anônimo disse...

Expuseste aqui o que és.
E fizeste bem:)
Não tens de gostar de raparigas, és gay e ponto final!
Quanto a ser amigo, já uma vez escrevi que gosto particularmente dos gays, pela sensibilidade e pela confiança que transmitem:)
Beijos

Special K disse...

Obrigado Socrates, a ideia é mesmo essa; fazer as pessoas pensar.
Um abraço.

Gitas:
Hoje em dia não tenho que gostar mas já houve tempos em que me senti obrigado a gostar.
Bjks

João Roque disse...

Caro P.
o que tu me fizeste lembrar ? Quando uma bela tarde eu e um amigo "metemos conversa" com duas miúdas argentinas e as levâmos ao Roma à estreia do "Blow Up"; depois não sabia o que fazer, nem tinha muita vontade de fazer alguma coisa...fomos pô-las ao hotel delas e depois fiquei a pensar "naquilo tudo"...
Abraço.

Special K disse...

Pinguim, quantas histórias parecdas não terão acontecido com muitos de nós?
Um abraço.