segunda-feira, 22 de outubro de 2007

POEMA DA FLOR PROIBIDA


Por detrás de cada flor
há um homem de chapéu de côco e sobrolho carregado.
Podia estar à frente ou estar ao lado,
mas não, está colado
Também não está escondido nem dissimulado,
está dignamente especado
por detrás da flor.
Abro as narinas para respirar
o perfume da flor,
não de repente
(é claro) mas devagar,
a pouco e pouco,
com os olhos postos no chapéu de côco.
Ele ama-me. Defende-me com os seus carinhos,
protege-me com o seu amor,
Ele sabe que a flor pode ter espinhos,
ou tem mesmo,
ou já teve,
ou pode vir a ter,
e fica triste se me vê sofrer.
Transmito um pensamento à flor
sem mover a cabeça e sem a olhar
De repente,
como um cão cínico arreganho o dente
e engulo-a sem mastigar

António Gedeão
Foto: Special K

2 comentários:

Anônimo disse...

Espectacular:)
Este não conhecia:)
Beijos

Sweet Porcupine disse...

....special like u!
A natureza humana......tem muito que se lhe diga!
:)

;)

beijinhos ouriçados