Seria interessante ver um inquérito destes nas ruas portuguesas.
segunda-feira, 28 de março de 2011
segunda-feira, 21 de março de 2011
CELEBRANDO O DIA MUNDIAL DA POESIA
Meus amigos, perdoem de novo a ausência mas não tenho tempo para nada.
Regresso para celebrar o Equinócio da Primavera e o Dia Mundial da Poesia.
3
Quase nu,
Ágil,
Trigueiro -
Com um dinaire gentil,
Ergueu o disco nos braços -
E o disco,
Rolou, -
Galhardamente lançando
Num largo aprumo viril.
Nos olhos
Suavíssimos e longos
Uma expressão
De fadiga e de pecado
Tomou mais vulto
E maior intensidade
Quando notou que o fixei.
A boca sorriu-se,
Altiva,
Condescendente,
- Como amante que vacila
Na dádiva do seu corpo,
ausente e longe
Daquele
A quem jurara ser firme.
O dia morre
Em claridade soturna;
E as rosas,
Cingindo a fronte do vencedor
Esmorecem -
Como troféu que perdesse
A gala da sua cor.
Escravo belo da força
Foge do amor!
António Botto, "Canções e Outros Poemas"
Regresso para celebrar o Equinócio da Primavera e o Dia Mundial da Poesia.
3
Quase nu,
Ágil,
Trigueiro -
Com um dinaire gentil,
Ergueu o disco nos braços -
E o disco,
Rolou, -
Galhardamente lançando
Num largo aprumo viril.
Nos olhos
Suavíssimos e longos
Uma expressão
De fadiga e de pecado
Tomou mais vulto
E maior intensidade
Quando notou que o fixei.
A boca sorriu-se,
Altiva,
Condescendente,
- Como amante que vacila
Na dádiva do seu corpo,
ausente e longe
Daquele
A quem jurara ser firme.
O dia morre
Em claridade soturna;
E as rosas,
Cingindo a fronte do vencedor
Esmorecem -
Como troféu que perdesse
A gala da sua cor.
Escravo belo da força
Foge do amor!
António Botto, "Canções e Outros Poemas"
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terça-feira, 1 de março de 2011
JANE RUSSEL (1921-2011)
Jane Russel (1921-2011)
"Son of a Paleface" de Frank Tashlin. Um western em tom de comédia musical de 1952, com Jane Russel, Bob Hope (1903-2003) e Roy Rogers (1911-1998).Como é que uma cena destas escapou ao rígido Código Hays que implementou uma vergonhosa censura moral aos estúdios de Hollywood?
"Os Homens Preferem as Loiras" realizado por Howard Hawks é o filme onde Russel brilha ao lado de Marilyn Monroe. Curiosamente no filme que junta dois dos maiores "sex symbols" do cinema americano da época, há uma cena claramente homoerótica que de novo escapa aos censores de Hollywood. Reaparem no título da canção "Ain't nobody Here for Love?" e no aparente desinteresse do grupo de ginastas pela figura cantora que deambula entre eles.
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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
JÁ QUE ESTAMOS EM NOITE DE ÓSCARES: TRUE GRIT
Nestes dias entre semestres vou aproveitando para me vingar no cinema, desta feita, fui ver Indomável, o último trabalho dos irmãos Coen.
Em Indomável; True Grit no original, temos de novo os irmãos Coen no seu melhor: este é um western, e não deixa por isso de ser mais um dos fantásticos retratos de uma certa América profunda, sé é que isso realmente existe, já um pouco habituais na obra “Coeniana”. Esta é a velha América dos antigos westerns; aquela que foi construída com o colt e a carabina numa mão e a bíblia na outra. A América de Indomável, não é muito diferente de Este País Não é para Velhos (2007), de Irmão Onde Estás? (2000), Ou mesmo do formidável Fargo (1996).
Em Indomável; True Grit no original, temos de novo os irmãos Coen no seu melhor: este é um western, e não deixa por isso de ser mais um dos fantásticos retratos de uma certa América profunda, sé é que isso realmente existe, já um pouco habituais na obra “Coeniana”. Esta é a velha América dos antigos westerns; aquela que foi construída com o colt e a carabina numa mão e a bíblia na outra. A América de Indomável, não é muito diferente de Este País Não é para Velhos (2007), de Irmão Onde Estás? (2000), Ou mesmo do formidável Fargo (1996).
Creio que não poderemos considerar Indomável como um remake de a Velha Raposa (1969), o clássico que rendeu a John Wayne (1907-1979), o único Óscar da sua carreira. Penso que o melhor termo que se poderá usar é; uma readaptação do romance de Charles Portis, desta vez com o cunho, muito próprio da versão dos Coen.
Nesta versão, o escolhido para o papel do velho Marshal, foi Jeff Bridges; o Grande Lebowski (1998), mais uma das grandes obras dos Coen, onde o actor brilhou como “The Dude”. Porém desta vez o “The Dude”, não quis calçar as botas do “Duke” (alcunha de John Wayne). O Rooster Cogburn de Bridges não deixa de ser o velho Marshal zarolho, rezingão e bebedolas, que tem a fama de perseguir implacavelmente o seu alvo. No entanto é um Cogburn com uma identidade própria, conferida pelo próprio Bridges e que lhe poderá muito bem render o Óscar deste ano. No entanto, como o Rooster de Wayne, não deixa de ser o velho durão de coração mole que decide ajudar Mattie Ross (Hailee Steinfeld), que apesar dos seus 15 anos é uma jovem determina a perseguir e vingar o assassino do pai. Aliás a empresa parece, logo à partida condenada ao fracasso; Chaney, o assassino (Josh Brolin) uniu-se ao bando de Ned Pepper um perigoso pistoleiro que eles vão ter que enfrentar, curiosamente, o actor Barry Pepper, é bastante parecido com Robert Duval o actor que interpretou o mesmo papel na versão de 1969. Para ajudá-los apenas podem contar com La Bouef (Matt Damon) um Texas Ranger que já persegue Chaney há algum tempo para o levar para o Texas onde há uma choruda recompensa pela sua captura.
Porém a verdadeira heroína é a jovem Mattie Ross, esperta e determinada, não se deixa enganar facilmente, conseguindo mesmo enrolar o habitual parceiro de negócios do seu pai e assim poder financiar a sua expedição. Apenas não percebo porque Hailee está nomeada para o prémio de Melhor Secundária quando na verdade é ela a grande protagonista e practicamente a única actriz feminina de realce, aliás é ela a Indomável do título, com uma excelente actuação a rivalizar com Bridges e um excelente Matt Damon, embora num papel mais apagado.
Este é mais um grande filme dos Coen, que mistura brilhantemente a violência com um certo humor bem típico das obras dos dois irmãos. De realçar a brilhante fotografia de Roger Deakins que capta na perfeição as velhas paisagens do velho Oeste, quase sentimos a nostalgia dos velhos filmes, então em Technicolor. Sempre achei que os westerns funcionavam melhor a cores.
ATENÇÃO: ESTA É A PARTE QUE NÃO DEVEM LER SE AINDA NÃO VIRAM O FILME. Ou podem lê-la por vossa conta e risco.
Este não é apenas mais um filme que vem fazer reviver o velho western, podemos dizer que é também um pouco a desconstrução do western clássico. Aqui o herói, é de facto uma heroína; determinada, teimosa, e que, apesar da sua jovem idade, não tem problemas em “bater o pé” e enfrentar os mais velhos. Facto a que não será alheio o facto de ser uma mulher a autora original do romance. Há nesta obra um bravo retrato do velho Oeste, dos grandes pistoleiros, da gabarolice de alguns. Mas há também na parte final uma nostalgia dos tempos do velho Oeste, quando vemos a “civilização” a chegar aos locais mais remotos, através do comboio, não restando outro remédio aos velhos pistoleiros, senão exibirem os seus dotes em circos e feiras. É esta desconstrução dos velhos mitos do velho Oeste com os novos tempos que joga a habitual ambivalência dos irmãos Coen. No final do filme não é o cowboy solitário que caminha em direcção ao pôr-do-sol, é a própria Mattie que caminha solitária em direcção à pradaria.
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O CISNE NEGRO
THE BLACK SWAN
Há poucas semanas fiz uma pequena apresentação sobre Cinema Surrealista no âmbito da Cadeira de História da Arte. Foi pena não ter visto antes o Cisne Negro de Darren Aronofsky pois é um filme que está plenamente integrado no tema discutido. Para quem conhece o cinema de Aronofsky é fácil distinguir esta dualidade entre corpo e mente, que habitualmente conduz à autodestruição; assim foi com “The Wrestler” (2008), filme que ressuscitou a carreira de Mickey Rourque, e assim terá sido também em Requiem for a Dream (2000), para mim, o melhor Aronofsky antes de ver o Cisne Negro.
Em o Cisne Negro Natalie Portman é Nina, uma jovem bailarina obcecada pelo papel principal numa nova produção de o Lago dos Cisnes de Tchaikovsky (1840-1893). Para quem conhece a magnífica obra do compositor russo; Odette, a Rainha dos Cisnes é na verdade uma jovem princesa, que sob o feitiço do maléfico mago Rothbart, é transformada num belíssimo cisne branco, podendo apenas retomar a sua verdadeira forma humana durante a noite. Entretanto conhece Siegfried, belo príncipe que caçava por aquela zona, e ambos se apaixonam. Sabendo que apenas o amor verdadeiro poderia quebrar o feitiço, Siegfried promete declarar o seu amor a Odília durante o baile nessa mesma noite. No entanto no momento do baile o príncipe é iludido pelo feiticeiro, e na verdade dança com a sua filha, Odília; O Cisne Negro. Enquanto Odette é paixão, emoção e fragilidade, Odília é fogo e sedução, como se fosse a outra face de Odette.
Ao descobrir o engano, Siegfried percebe que já é impossível inverter o feitiço. Assim os amantes frustrados decidem suicidar-se afogar-se no próprio lago.
Na produção de o Lago dos Cisnes, a Rainha do Lago é o papel mais importante; aquele que todas as bailarinas almejam. Nina, na sua beleza, timidez e fragilidade é o Cisne Branco em toda a sua perfeição. No entanto é demasiado controlada, falta-lhe a espontaneidade natural para interpretar o Cisne Negro. Thomas Leroy (Vincente Cassel) é o coreografo e director da companhia, que lhe diz que ela deve soltar todo o seu lado negro para conseguir fazer a transmutação do seu cisne branco para o negro. Porém para Nina não basta ser a Rainha dos Cisnes, ela tem que ser perfeita em tudo, só assim poderá assegurar o papel como bailarina principal da companhia. Porém a competição pelo lugar é feroz, e Nina não tarda em ver em Lily (Mila Kunis) a sua grande rival. Esta é uma jovem bailarina acabada de chegar à companhia e tem tudo o que Nina não tem; é despreocupada, não tem obsessão pela perfeição nem uma mãe excessivamente controladora. Deste modo consegue soltar-se e ser o Cisne Negro perfeito, aquele que deve seduzir e enganar o príncipe. Por outro lado há a relação com a mãe, o caso típico da bailarina que nunca passou da vulgaridade e deseja ver espelhado na própria filha o sucesso que ela nunca alcançou. É essa obsessão pela perfeição do seu cisne negro que a leva a uma transmutação, Nina começa-se a soltar, a tentar livrar da hiper-protecção maternal. O problema é que o lado negro que ela deve despertar foi o mesmo que levou à autodestruição de Beth (Winona Ryder), a antiga estrela da companhia e ex-preferida de Thomas. É esse lado negro da sua mente que a vai começar a dominar até ao ponto de não conseguir destrinçar mais a realidade da ficção.
É exactamente neste ponto da exploração da mente de Nina, que na ânsia de se livrar da sua própria realidade, ela deixa de conseguir destrinçar entre o real e o imaginário.
Posso falar dos pormenores do filme e do argumento, que na minha opinião é excelente. Não esquecer que se trata de um filme de ficção, que tem por pano de fundo um bailado, e não uma adaptação cinematográfica desse mesmo bailado. Vou deixar os pormenores técnicos para os peritos em dança, no entanto adorei ver certos detalhes, que decerto fazem parte da vida de qualquer bailarino; como a transformação das próprias sapatilhas, da alteração das palmilhas, de certo para melhor se adaptarem aos pés.
É claro que O Cisne negro é uma das grandes obras do um grande filme, porém penso que nunca ficaria completo sem conhecer o resto da obra do realizador: Pi (1998); Requiem for a Dream (2000), O Último Capítulo (2006) e o Wrestler (2088). Em todos eles há um certo conflito entre a mente e o corpo; quando muitas vezes o poder da mente tem que ultrapassar as limitações do próprio corpo.
Há poucas semanas fiz uma pequena apresentação sobre Cinema Surrealista no âmbito da Cadeira de História da Arte. Foi pena não ter visto antes o Cisne Negro de Darren Aronofsky pois é um filme que está plenamente integrado no tema discutido. Para quem conhece o cinema de Aronofsky é fácil distinguir esta dualidade entre corpo e mente, que habitualmente conduz à autodestruição; assim foi com “The Wrestler” (2008), filme que ressuscitou a carreira de Mickey Rourque, e assim terá sido também em Requiem for a Dream (2000), para mim, o melhor Aronofsky antes de ver o Cisne Negro.
Em o Cisne Negro Natalie Portman é Nina, uma jovem bailarina obcecada pelo papel principal numa nova produção de o Lago dos Cisnes de Tchaikovsky (1840-1893). Para quem conhece a magnífica obra do compositor russo; Odette, a Rainha dos Cisnes é na verdade uma jovem princesa, que sob o feitiço do maléfico mago Rothbart, é transformada num belíssimo cisne branco, podendo apenas retomar a sua verdadeira forma humana durante a noite. Entretanto conhece Siegfried, belo príncipe que caçava por aquela zona, e ambos se apaixonam. Sabendo que apenas o amor verdadeiro poderia quebrar o feitiço, Siegfried promete declarar o seu amor a Odília durante o baile nessa mesma noite. No entanto no momento do baile o príncipe é iludido pelo feiticeiro, e na verdade dança com a sua filha, Odília; O Cisne Negro. Enquanto Odette é paixão, emoção e fragilidade, Odília é fogo e sedução, como se fosse a outra face de Odette.
Ao descobrir o engano, Siegfried percebe que já é impossível inverter o feitiço. Assim os amantes frustrados decidem suicidar-se afogar-se no próprio lago.
Na produção de o Lago dos Cisnes, a Rainha do Lago é o papel mais importante; aquele que todas as bailarinas almejam. Nina, na sua beleza, timidez e fragilidade é o Cisne Branco em toda a sua perfeição. No entanto é demasiado controlada, falta-lhe a espontaneidade natural para interpretar o Cisne Negro. Thomas Leroy (Vincente Cassel) é o coreografo e director da companhia, que lhe diz que ela deve soltar todo o seu lado negro para conseguir fazer a transmutação do seu cisne branco para o negro. Porém para Nina não basta ser a Rainha dos Cisnes, ela tem que ser perfeita em tudo, só assim poderá assegurar o papel como bailarina principal da companhia. Porém a competição pelo lugar é feroz, e Nina não tarda em ver em Lily (Mila Kunis) a sua grande rival. Esta é uma jovem bailarina acabada de chegar à companhia e tem tudo o que Nina não tem; é despreocupada, não tem obsessão pela perfeição nem uma mãe excessivamente controladora. Deste modo consegue soltar-se e ser o Cisne Negro perfeito, aquele que deve seduzir e enganar o príncipe. Por outro lado há a relação com a mãe, o caso típico da bailarina que nunca passou da vulgaridade e deseja ver espelhado na própria filha o sucesso que ela nunca alcançou. É essa obsessão pela perfeição do seu cisne negro que a leva a uma transmutação, Nina começa-se a soltar, a tentar livrar da hiper-protecção maternal. O problema é que o lado negro que ela deve despertar foi o mesmo que levou à autodestruição de Beth (Winona Ryder), a antiga estrela da companhia e ex-preferida de Thomas. É esse lado negro da sua mente que a vai começar a dominar até ao ponto de não conseguir destrinçar mais a realidade da ficção.
É exactamente neste ponto da exploração da mente de Nina, que na ânsia de se livrar da sua própria realidade, ela deixa de conseguir destrinçar entre o real e o imaginário.
Posso falar dos pormenores do filme e do argumento, que na minha opinião é excelente. Não esquecer que se trata de um filme de ficção, que tem por pano de fundo um bailado, e não uma adaptação cinematográfica desse mesmo bailado. Vou deixar os pormenores técnicos para os peritos em dança, no entanto adorei ver certos detalhes, que decerto fazem parte da vida de qualquer bailarino; como a transformação das próprias sapatilhas, da alteração das palmilhas, de certo para melhor se adaptarem aos pés.
É claro que O Cisne negro é uma das grandes obras do um grande filme, porém penso que nunca ficaria completo sem conhecer o resto da obra do realizador: Pi (1998); Requiem for a Dream (2000), O Último Capítulo (2006) e o Wrestler (2088). Em todos eles há um certo conflito entre a mente e o corpo; quando muitas vezes o poder da mente tem que ultrapassar as limitações do próprio corpo.
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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
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