sábado, 10 de fevereiro de 2007

O OVO È UMA GALINHA?



Eu sei que já passa da meia noite e estou a desrespeitar o periodo de reflexão mas paciência. Encontrei este texto de um músico que eu muito admiro e gostava de partilhá-lo:

O ovo é uma galinha?
"Um ovo não é uma galinha porque não tem vida. Um feto tem vida? Penso que sim. Pessoalmente sou contra o aborto, mas ainda sou mais contra a penalização criminal das mulheres que o façam.
Não creio que, pelo facto de deixar de ser crime, o número de abortos aumente. Poderá sim melhorar as condições em que são feitos. Poderá minimizar o risco para as mulheres que decidirem fazê-lo.
Por isso, embora seja a favor da vida, o meu voto é SIM"

Opinião de Adolfo Luxúria Canibal (vocalista dos Mão Morta), enviada para a mailling-list dos Mão Morta.:

Ena, que grande confusão vai por aí!...

Um feto é um ser humano? E um girino, é uma rã? E um ovo, é uma galinha? E o
pai natal existe? Podes acreditar no que quiseres e actuar em consonância
com o que acreditas, não obrigues é os outros a acreditar no que tu
acreditas. A idade média e a inquisição já eram (espero eu)...

Uma vitória do sim não vai obrigar ninguém a fazer abortos, pelo contrário
vai dar a possibilidade a toda a gente de actuar livremente segundo a sua
consciência. Vai possibilitar que uns não sejam penalizados pelo
fundamentalismo de outros. Achas que um feto é um ser humano: tens toda a
legitimidade para achar isso e para actuares em conformidade, não tens é
legitimidade para me impores que eu ache a mesma coisa e para que eu actue
conforme tu achas - e isso é o não, uma forma de uma crença particular
continuar a impor-se sobre toda uma sociedade!

Nunca conheci ninguém que gostasse de abortar (e conheci muita gente que o
fez...), é das decisões mais terríveis e dolorosas que se pode tomar.
Acrescentar à dor dessa decisão a clandestinidade, com o inerente perigo de
vida (conheci várias pessoas, incluindo amigas, que morreram por sequelas de
aborto) e a ameaça de prisão, para si ou para quem a ajude (também conto
entre os meus amigos pessoas que passaram anos na prisão por terem, de
alguma forma, ajudado na prática de aborto, e eu próprio incorri várias
vezes nesse crime, inclusivé com participação directa no acto abortivo -
havendo falta de dinheiro para recorrer a clínicas clandestinas mais
sofisticadas, improvisava-se a clínica no quarto - é isto o sórdido da
clandestinidade), é, no mínimo, uma crueldade gratuita e malévola. É
inquisição no seu pior! É, mais uma vez, mandar a mulher-bruxa-demónio para
a fogueira.

Deixemo-nos de jogos de semântica! O que está em causa é se devemos ou não
continuar a castigar penalmente e fisicamente aquelas (e aqueles) que, por
qualquer motivo - doloroso, sem dúvida - tiverem que recorrer a uma
interrupção da gravidez. E a minha resposta é não! Não temos o direito de
castigar essas pessoas.

O meu voto é sim, e seria sempre sim fosse qual fosse a pergunta a referendo
desde que possibilitasse qualquer avanço civilizacional na liberalização do
aborto.

Adolfo LC

Gentilmente surripiado ao Web Club

Um comentário:

wind disse...

lol, ele é demais:)
beijos