Dedicado a alguns amigos que já cá não estão.
Aqueles que têm nomes e nos telefonam
Um dia emagrecem-partem
Deixam-nos dobrados ao abandono
No interior duma dor inútil muda
E voraz
Arquivamos o amor no abismo do tempo
E para lá da pele negra do desgosto
Pressentimos vivo
O passageiro ardente das areias-o viajante
Que irradia um cheiro a violetas nocturnas
Acendemos então uma labareda nos dedos
Acordamos trémulos e confusos-a mão queimada
Junto ao coração
E mais nada se move na centrifugação
Dos segundos-tudo nos falta
Nem a vida nem o que resta dela nos consola
A ausência fulgura na aurora das manhãs
E com o rosto ainda sujo de sono ouvimos
O rumor do corpo a encher-se de mágoa
Assim aguardamos as nuvens breves os gestos
Os invernos o repouso a sonolência
O vento
Arrastando para longe as imagens difusas
Daqueles que amámos e não voltaram.
Al Berto
3 comentários:
Adoro Al Berto e este poema está genial!
beijos
Depois de ler o que escreveste no tudo e nada e já desde ontem sinto uma grande cumplicidade entre nós.
Sem maldade, só cumplicidade.
tu não?
Beijos
claro que sim gitas a 100%. Beijos
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