segunda-feira, 3 de setembro de 2007

MODO DE AMAR-V


Docemente amor
ainda docemente

o tacto é pouco
e curvo sob os lábios

e se um anel no corpo
é saliente
digamos que é da pedra
em que se rasga

Opala enorme
e morna
tão fremente

dália suposta
sob o calor da carne

lábios cedidos
de pétalas dormentes

Louca ametista
com odores de tarde

Avidamente amor
com desespero e calma

as mãos subindo
pela cintura dada
aos dedos puros
numa aridez de praia
que a curvam loucos até ao chão da sala

Ferozmente amor
com torpidez e raiva

as ancas descendo como cabras
tão estreitas e duras
que desarmam
a tepidez das minhas
que se abrem

E logo os ombros
descaem
e os cabelos

desfalecem as coxas que retomam
das tuas
o pecado
e o vencê-lo
em cada movimento em que se domam

Suavemente amor
agora velozmente

os rins suspensos
os pulsos
e as espáduas

o ventre erecto
enquanto vai crescendo
planta viva entre as minhas nádegas

Maria Tereza Horta

Lido na Wind

4 comentários:

RIC disse...

... De uma força descritiva e sugestiva avassaladora...
Muito «Maria Tereza Horta», sem dúvida!
Obrigado! :-)

Anônimo disse...

Adoro Maria Tereza Horta:)))
Beijos

Sarracenia purpurea disse...

Adorei o poema, tens muito bom gosto :)
Ah, comprei uma antologia poética de Natália Correia, que vi na feira do livro da minha terra. Como ja cá tinhas falado nela decidi levá-lo, e não me arrependo nada :)
Beijo

João Roque disse...

Maria Tereza Horta, foi, é e será sempre alguém que esteve acima das convenções, é uma mulher fabulosa...e escreve lindamente.