sábado, 14 de abril de 2007

A BUNDA QUE ENGRAÇADA


A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,
rebunda.

Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

Anônimo disse...

Adoro esse poema, farto-me de rir, quanto à foto hummmmmmm escolheste bem.lolol:)
Por acaso os Stranglers não foste tu que me lembraste foi outra pessoa, mas esqueci-me de colocar o link e como não ando a comentar ninguém, pronto.

beijos

Alma Nova ® disse...

Bem engraçado este poema de um poeta que gosto muito. Jokitas.