Acabo de saber pelo Felizes e pelo Pinguim da partida do Catatau. Confesso que foi um choque.
Há muito que sentia a falta dos seus comentários, sempre me interroguei como é que ele conseguia, quase sempre, ser o primeiro a comentar, e como eram sempre certeiros e pertinentes esses mesmos comentários. Não o vou poder abraçar no jantar deste ano e já sinto saudade.
Este foi daqueles que nunca esqueci:
"Olha, nem sabes a alegria que me dás!
Não, não é por quereres tirar um curso superior (que sim, pronto, ok, mas não é isso) - é por ser o curso que é!!! Vais gostar, acredita. E se não o conseguires fazer no tempo "regulamentar", demora o que quiseres. Saboreia-o.
(Se precisares de ajuda pede o meu contacto ao Pinguim. :) )"
8 de Maio de 2008 08:35
Aqui fica a minha homenagem nas palavras do Al Berto, penso que ele iria gostar.
"No centro da cidade, um grito. Nele morrerei, escrevendo o que a vida me deixar. E sei que cada palavra escrita é um dardo envenenado, tem a dimensão de um túmulo, e todos os teus gestos são uma sinalização em direcção à morte - embora seja sempre absurdo morrer.
Mas hoje, ainda longe daquele grito, sento-me na fímbria do mar. Medito no meu regresso. Possuo para sempre tudo o que perdi. E uma abelha pousa no azul do lírio, e no cardo que sobreviveu à geada. Penso em ti. Bebo, fumo, mantenho-me atento, absorto - aqui sentado, junto à janela fechada. Ouço-te ciciar amo-te pela primeira vez, e na ténue luminosidade que se recolhe ao horizonte acaba o corpo. Recolho o mel, guardo a alegria, e digo-te baixinho: «Apaga as estrelas, vem dormir comigo no esplendor da noite do mundo que nos foge»."
Al Berto, Lunário
Imagem: Starry Night - Van Gogh
6 comentários:
Já falei várias vezes desse amigo que não conheci e de quem ja li algumas coisas que ele mesmo escrevia, o que parecia denotar uma ser humano rico e autêntico, mas geralmente apenas escrevia. "Onde há dor o chão é sagrado", parafraseando Oscar Wilde.
Infelizmente apenas podemos fazer homenagens, mas por certo ele estará bem agora. Por isso, é tempo de recuperar as cinzas, e por isso te deixo os votos de uma Páscoa Feliz.
Daniel
Obrigado Lobinho Daniel, já tinha lido essa tua frase por outras paragens. "Decerto que ele estará bem agora", acredito que sim.
Um grande abraço e boa páscoa.
Não conhecia, lamento muito e fizeste uma bela homenagem com o Al Berto.
Beijos
O poema que escolheste é lindo e de uma doçura iluminada que as palavras do Catatau também possuíam. É uma grande perda, sem a mínima dúvida!
Nem me apetece comentar, meu bom amigo; recordo-me de ele ter reforçado numa conversa comigo a sua satisfação por teres resolvido tirar o curso de História, o seu curso...
E como ele sabia e era um excelente profissional; deixou de leccionar quando de todo já lhe era impossível fazê-lo.
Honremos-lhe a memória...
Abraço amigo e sentido.
há partidas que são um grito. a do Catatau, ainda que previsível a partir de certa altura, foi um choque daqueles!
acho que a presença/ausência dele se sentirá com muita força no jantar deste ano...
abraço
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