sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

VENHAM VER...

Venham ver a maravilha
Do seu corpo juvenil!

O sol encharca-o de luz,
E o mar, de rojos, tem rasgos
De luxúria provocante.

Avanço. Procuro olhá-lo
Mais de perto... A luz é tanta
Que tudo em volta cintila
Num clarão largo e difuso...

Anda nu - saltando e rindo,
E sobre a areia da praia
Parece um astro fulgindo.

Procuro olhá-lo; - e os seus olhos,
Amedrontados, recusam,
Fixar os meus... - Entristeço...

Mas nesse lugar fugidio -Pude ver a eternidade
Do beijo que eu não mereço...

António Botto

Um comentário:

paulo disse...

Que maravilha. Até me esqueço do Botto de tanto olhar para os contemporâneos. É um excelente texto para começar!